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terça-feira, 8 de julho de 2014

Pela nossa Saúde

« Tal como evito usar o termo “os políticos”, também Não usarei a expressão "os jornalistas" sem qualquer restrição, afinal existem jornalistas e jornalistas, políticos e políticos, polícias e polícias, jardineiros e jardineiros, médicos e médicos. Em todas as profissões há bons e maus. Contudo, hoje mais uma vez assisti à já clássica cobertura de uma greve e ao espectáculo degradante proporcionado por jornalistas empenhadíssimos em arrancar o pior que há dentro de cada afectado pela greve dos médicos, destacando cada prejuízo pessoal – "os médicos têm consciência de que com as greves não estão a castigar o Governo, mas sim os doentes" – em vez de salientarem que o que está em causa é um prejuízo colectivo de duração muito superior a estes dois dias de greve, a sobrevivência do SNS que o actual Governo está a desmantelar, e como se as possibilidades de conseguir conquistas bonitas com uma greve não fossem sempre tanto maiores quanto maior a pressão gerada pelos transtornos por ela causados. Um deles, Joaquim Reis, da RDP Centro, até se deu ao luxo de contar que um utente lhe tinha confidenciado ter sido hoje a vez em que foi atendido mais rapidamente. Rematou com um jocoso “não foi atendido”. Quem ouviu ficou convencido que o Centro de Saúde Norton de Matos, em Coimbra, é um dos muitos onde os utentes se vêem e se desejam. Pelo contrário. O centro de saúde em causa, por sinal aquele onde tenho a felicidade de ser utente, tem sido repetidamente considerado como o melhor de todo o país. Cada um nasce para o que nasce. O Joaquim Reis é um dos tais que nasceram para ajudar as pessoas a acreditarem que ficarão melhor servidas se a sua Saúde for confiada a privados, para ajudar os Espírito Santo e os Mellodeste país a enriquecerem um pouco mais cada vez que um português espirrar. Para que tal aconteça, antes o SNS tem que apodrecer. É por isso que eles não gostam da greve de hoje. Os médicos estão em greve para mais uma vez tentarem travar o desmantelamento do SNS que Paulo Macedo tem vindo a acelerar. Somos todos nós quem mais ganhará com o que conseguirem com esta greve. E muito mais do que eventualmente possamos perder se não conseguirmos consulta hoje ou amanhã.»


Assino em baixo.

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