Este blogue não adoPta o novo acordo ortográfico.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Um Resumo sobre as autárquicas

O Daniel Oliveira, resume estas autárquicas de uma forma brilhante na minha modesta opinião, que vale o que vale.

(...)
Resumindo: a estrondosa derrota do PSD deu uma vitória pífia ao PS. Com a tal cereja em cima do bolo de que falei: António Costa esmigalha o PSD e dá aos socialistas a mais poderosa das vitórias. Ou seja, a derrota do PSD, em vez de reforçar Seguro, deu ao seu maior opositor interno um enorme capital político. É ele, e não Seguro, o vencedor socialista da noite.

A CDU é, com as listas independentes, Rui Moreira e António Costa, a maior vitoriosa da noite. Recupera Évora, Beja e Loures, fica com quase todos os concelhos do distrito de Setúbal e mais alguns concelhos no Alentejo. Volta a ser um partido de forte implantação autárquica a sul. Quanto ao Bloco de Esquerda, perdeu Salvaterra e não elegeu Semedo. É uma derrota total. O CDS ganhou em Ponte de Lima e mais quatro pequenos concelhos. Correu-lhe bem. Mas não chega a ser relevante.

Partindo destas condições e olhando para os resultados que já se conhecem, a conclusão é relativamente simples: a enorme derrota de Passos Coelho não se traduziu numa vitória de António José Seguro. Já que Rui Moreira não parece ter ambições fora do Porto, com o resultado do PS em Lisboa, é fácil identificar o vencedor nacional destas eleições. Agora é esperar para ver o que fará António Costa com isso.»
 Texto completo, aqui

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Aventura nutricional - Semana I

Resolvi partilhar com os que me lêem a minha experiência numa aventura nutricional.
Há muito que queria perder peso não só por razões estéticas mas sobretudo por razões de saúde, colesterol elevado associado a pressão arterial elevada, uma autêntica bomba relógio é o que eu sou. Tenho dois filhos para criar e quero vê-los crescer não encostada a uma cama mas activa como deve e tem de ser. Falaram-me maravilhas da dieta dos 3 passos, em particular a madrinha da minha filhota que estava bem mais pequena desde a última vez que a tinha visto, e como a farmácia ficava perto de casa resolvi experimentar.
Lá marquei e fui à consulta com a dietista que me pesou e mediu os ditos perímetros. Devo dizer que a balança dela é muito pior que a minha, mas adiante. 
Lá me explicou em que é que consistia a dieta e por fim disse o que eu podia comer. Como é uma dieta muito restritiva acrescentou alguns suplementos alimentares e cenas dessas, como o Driviten, Enolin e mais um Lippo Killer. A história do sem fome é pura treta, minha gente ninguém perde peso sem ter cuidado com o que come e quanto. É ponto assente, não há milagres. 
Apesar de ela ter eliminado por completo os hidratos de carbono da minha alimentação com excepção das duas fatias de pão de forma integral que eu poderia comer ao pequeno almoço bem como a fruta eu resolvi ajustar um pouco ao meu ritmo e mesmo assim perdi 1.100Kg numa semana. Óptimo podereis pensar. Mas não. Estais redondamente enganados. Para além da pouca variedade alimentar, que para mim é um tormento, e da fome, há mais um senão, os ditos suplementos a mim dão-me náuseas, cólicas e diarreia. Parei com a medicação. Primeira caso segundo a dietista. Eu sou uma raridade com toda a certeza! 
Pois é, mas ela achava que não era possível ter uma reacção tão violenta e retira-me só o Enolin. Vai que eu tomo o lippo killer e quase que morro na casa de banho. Vai daí acabo com tudo e desta vez é sem apelo nem agravo. 
Não vale a pena acreditar em milagres que não os há. Vou manter a dose calórica reduzida, vou comer variado, manter o índice de ingestão de legumes elevado e os hidratos de carbono em quantidades reduzidas. Vamos ver no que dá.
Para a semana vou lá outra vez e vamos ver qual vai ser a resposta.

Cama de Bonecas II - Conclusão

A cama para as bonecas da princesa está finalmente terminada. Ela ficou encantada com o resultado, eu acho que mais cedo ou mais tarde lhe vou passar a lixa outra vez e fazer-lhe um "Extreme makeover". Mas agora o importante é que ela gostou. Agora só falta fazer a colcha, mas isso é para quando houver disponibilidade. Não se nota muito bem na fotografia mas fiz um ligeiro esponjado rosa, ela pediu expressamente rosa, na barra da cabeceira e dos pés, só para lhe dar um ar diferente, se bem que diferente não seja a palavra mais adequada, mas agora não me lembro de mais nenhuma. 

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Integridade

Ainda há pessoas cuja a dignidade, integridade e coerência rege as suas vidas. Miguel Esteves Cardoso escreveu assim sobre António Arnaut.

"Já me tinha esquecido da integridade. Deve ter sido isso que me fez chorar. É aquilo que tem António Arnaut, um dos fundadores do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que, sofrendo de cataratas nos olhos, não só recusa todos os favores dos amigos para ser operado no sector privado, como insiste em ser operado pelo SNS, como qualquer utente anónimo. 

No PÚBLICO foi justamente elogiado por denunciar a campanha cada vez mais descarada para propagandear as empresas hospitalares com fins lucrativos à custa dos hospitais públicos do SNS.António Arnaut tem dinheiro e amigos para já estar livre das cataratas há mais de seis meses. Mas escolheu esperar e sofrer para ser igual às ideias dele. Que, no caso dele, foram tornadas em instituições que beneficiam todos os portugueses, salvando as nossas vidas. Há um aspecto, no entanto, que ainda é mais corajoso e honesto: é que António Arnaut, para além de rebelde, ainda acredita na qualidade do SNS que criou. Não é acreditar: sabe que o SNS tem qualidade. Tem é medo que a privatização obsessiva em curso liquide o SNS. Entenda-se: vender a algumas empresas endinheiradas, por um preço baixo, tudo o que pertence a todos os portugueses, por ter sido completamente pago pelos impostos que pagamos.

António Arnaut não é um mártir: é um grande político que usa todos os meios ao dispor dele para conseguir o que deseja para os outros. Para os outros, com ele próprio incluído. Ele quer ser - e é - como todos nós."
Miguel Esteves Cardoso, Público 24-09-2013

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Festejar com simplicidade

Para festejar os 73 anos do pai amado e avô adorado fiz um pão de ló. Sem recheios nem coberturas, o aniversariante não gosta dessas coisas, um bolo simples e muito fácil. Eu e a princesa quisemos dar um ar mais festivo ao bolo e decoramos com quadrados de pasta americana azul e castanha. Um bolo simples para um aniversariante simplesmente extraordinário.

Pão de Ló


Ingredientes
  • 8 ovos
  • 300g açúcar
  • 200g farinha
  • 1 c. chá fermento

Preparação

Pré aquecer o forno a 170ºC.
Untar e polvilhar uma forma.
Bater os ovos inteiros com o açúcar até a massa ficar bem fofa. Adicionar a farinha peneirada com o fermento e envolver até estar bem misturado.
Colocar a massa na forma e levar ao forno.
Decorar a gosto.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O meu pai

Hoje é o aniversário do MEU PAI. Não há pai como o meu, eu acho. Outros dirão o mesmo sobre os seus mas este é meu e eu conheço-o desde sempre. Esteve sempre ao meu lado desde a hora em que nasci. Ele já era muito à frente para a época, assistiu ao meu nascimento e já lá vão mais de 40 anos. 
Ensinou-me a ser generosa, a ajudar pelo prazer de ajudar os outros, a distinguir o bem do mal, a trilhar o meu caminho, a acreditar em mim, a não desistir, a viver, a ser feliz. O meu pai é o meu porto seguro, o meu ombro amigo aquele que estará sempre ali para o que der e vier. Aquele para quem eu posso correr sempre que preciso de colo ou de uma palavra de conforto ou até mesmo de uma reprimenda, ele tem sempre uma palavra que me faz ver as coisas de um outro ângulo. Já foi, e às vezes ainda é, a minha voz da consciência, a mão que me guia, aquele em quem eu confio cegamente e por quem eu ponho as mãos no fogo.
O meu pai é honesto, batalhador, leal, responsável, trabalhador, companheiro, amigo, generoso, carinhoso, homem de palavra, enfim o melhor pai do mundo.
Agora que penso nisto, é bem verdade quando se diz que as mulheres têm tendência a escolher os maridos ou companheiros à semelhança do pai, está confirmado. O amor da minha vida é assim igualmente extraordinário. E um dia, os meus filhos, serão tão orgulhosos do seu pai como eu sou do meu. 
Amo-te pai, tenho muito orgulho em ser tua filha. Muitos parabéns. Tem um dia muito feliz.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O Bolo da bailarina

Calhou-lhe a sorte de fazer anos em Agosto, mês de férias da grande maioria das famílias portuguesas. Assim a  minha princesa é uma miúda cheia de sorte, normalmente tem três festas de aniversário. Uma no dia, outra em casa dos avós com os padrinhos e outra na escola. Naturalmente que para esta mãe isso significa trabalho acrescido e três bolos. Este ano foi assim, tudo muito rosa, pedido muito especial da minha bailarina. Os bolos foram uns habitués cá de casa, lemon pound cake e bolo mármore. A cobertura, rosa como não poderia deixar de ser, variou entre glacê de limão e pasta americana.


Glacê de limão

Ingredientes

  • 2 claras em castelo
  • 200g de açúcar em pó
  • uma colher de chá de limão
  • 1 colher de sopa de margarina

Preparação

Bater as claras em castelo bem firme.
Adicionar o açúcar peneirado e continuar a bater. Adicionar a margarina e o sumo de limão e bater até estar cremoso e brilhante.
Podem adicionar-se corantes a gosto. Eu desta vez usei o rosa, para a próxima talvez azul ou verde!

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A dita convergência

Um esclarecimento que me parece pertinente no que à Caixa Geral de Aposentações diz respeito e à suposta convergência para o Regime Geral  da Segurança Social, que este governo diz estar a fazer.


(...)
O governo não está a tratar da convergência entre a Caixa Geral de Aposentações (CGA) e o Regime Geral da Segurança Social (RGSS). Essa começou há muito, e não foi pela mão de Pedro Passos Coelho. A convergência da CGA com o RGSS começou em 1993. A partir de Setembro desse ano, os novos subscritores da CGA passaram a ter a sua pensão calculada de acordo com as regras vigentes no RGSS. Continuou em 2005, quando esta regra foi alargada aos funcionários inscritos na CGA antes de Setembro de 1993. E, desde 2006, a CGA deixou de receber receitas das contribuições dos novos trabalhadores que entraram no Estado e que passaram a descontar para a Segurança Social. Ou seja, a CGA está a ser gradualmente extinta.
(...)
O que o governo está a fazer não é, portanto, a convergência entre sistemas. E muito menos garantir a sustentabilidade da CGA, que, por ter extinção marcada e não receber novos contribuintes desde 2006, não é, por definição, sustentável. O governo está apenas a ir buscar dinheiro a quem tem menos capacidade para se defender. Os aposentados são, por lhes estar vedado o direito à greve e terem menos instrumentos de mobilização e defesa, presa fácil. Esta redução de 10% é, por isso, um ato de cobardia. Querer trasvestir este assalto com as vestes da justiça e da equidade é juntar à cobardia cinismo. »

Ideias com amor

Uma ideia engraçada para as festas de aniversário da criançada e não só. Porque não fazer uma surpresa à família no pequeno almoço e ou lanche do fim de semana! Um simples bolo de cenoura e um cortante podem fazer a diferença. E as sobras perguntareis? Pois bem, deixo apenas uma sugestão, cake pops.
No aniversário da princesa fiz um bolo de cenoura num tabuleiro, receita aqui, e usei um cortante em forma de coração. Ficaram lindos, acrescentei uns corações de açúcar, et voilá, um sucesso.
Os corta massa comprei no IKEA faz tempo e tenho-lhes dado um bom uso. Por pouco não conseguia tirar a fotografia os meus corações de cenoura quase que desapareciam.
Podem sempre cobrir-se com chocolate, aúcar glacê colorido, qualquer um fica uma delícia e com um aspecto mais requintado. Eu não tive tempo para mais e ficaram mesmo assim.
Os miúdos adoram usar os cortantes, se tiverem tempo é uma tarefa que eles vão achar saborosa e interessante. Não esquecer de fazer um bolo maior para o caso de os provadores estarem com fome!

terça-feira, 17 de setembro de 2013

"O rapaz que abalou o regime"

E nós somos dez milhões e não abalámos coisa nenhuma e somos comidos por papalvos todos os dias.

«Novas da "democracia" angolana -  "O rapaz que abalou o regime"


«Aos 15 anos, Nito Alves teve uma ideia simples e generosa: a de partilhar informação crítica sobre o quotidiano do país, com os seus vizinhos e transeuntes. Desde o início da primavera árabe, em 2011, Nito Alves tem realizado o seu projecto através de um mural móvel que exibe frente à porta da sua residência, em Viana, Luanda. Semanalmente, o jovem seleciona algumas páginas dos semanários, com matérias críticas, e cola-as num grande placar de madeira, o seu mural. A sua ideia gerou dezenas de leitores diários, entre vizinhos e transeuntes, que se detêm à sua porta para se informarem. Por essa iniciativa e pela sua participação em manifestações anti-regime, Nito Alves tornou-se uma figura de referência no Bairro do Chimuco, no município de Viana, onde reside.

Em Dezembro passado, agentes da Direcção Nacional de Investigação Criminal (DNIC) e da Polícia Nacional, cercaram a residência dos seus pais por volta das 3h00 da madrugada para o prenderem. “A polícia revistou até debaixo da minha cama, onde eu estava a descansar com a minha esposa. Nessa altura, o meu filho já tinha abandonado a nossa casa, por causa das perseguições da polícia e de militantes do MPLA”, disse o pai Fernando Baptista. Aos 16 anos, Nito Alves tornou-se um foragido político.

Nito Alves foi detido a 12 de Setembro, em condições rocambolescas. A sua prisão, segundo testemunhos recolhidos em Viana, teria sido inicialmente planeada pelas forças policiais como um “desaparecimento”. Os agentes da Polícia Nacional agarraram-no na rua. Nito Alves gritou o seu nome e pediu, a quem o ouvisse, para alertar a Rádio Despertar a dar conta do caso. Um transeunte fê-lo de seguida. A principal acusação, formulada pelos investigadores da Polícia Nacional contra Nito Alves, foi a deste ter incorrido no acto de difamação do presidente José Eduardo dos Santos.

 Na realidade, o trabalho combinado da Polícia Nacional, da Direcção Nacional de Investigação Criminal e da Procuradoria-Geral da República acabaram por causar mais danos à imagem do presidente do que o Nito Alves. Primeiro, a detenção do jovem ocorreu horas antes do início do Fórum Nacional da Juventude, uma encenação que juntou mais de 3,000 participantes para ouvirem um discurso do presidente dirigido à juventude. Segundo, a conferência de imprensa da Polícia Nacional, na sexta-feira, prova, de forma clara, que o regime do presidente José Eduardo dos Santos é uma ditadura. Numa democracia não se prendem pessoas que pretendem manifestar-se pacificamente contra o governo ou jovens que usam camisolas a chamar ditador ao presidente. Isso é um sinal de que o regime não tem qualquer tolerância para com a liberdade de expressão dos seus cidadãos. Ditador, ladrão, corrupto, são insultos comuns aos governantes em democracia. Para além do seu tom de brutalidade, o comunicado da Polícia Nacional é ridículo e reminiscente… Quantas pessoas teriam sabido da existência das 20 camisolas ofensivas à imagem de Dos Santos?

Além disso, durante o seu interrogatório e na cela da esquadra do Capalanca, onde passou a primeira noite, antes de ser transferido para as celas da Direcção Provincial de Investigação Criminal (DPIC), Nito Alves revelou os seus dons de mobilização. Politizou os outros detidos sobre o regime e os seus actos e juntos fizeram coro contra as injustiças, para irritação dos seus guardas.

Agora, o Nito Alves, aos 17 anos, é uma figura de referência contra o regime corrupto do presidente José Eduardo dos Santos. Essa é uma proeza da Polícia Nacional que o encarcerou. É aqui que o servilismo, a incompetência e a propaganda começam a ter um efeito contraproducente e irreversível. Estão a dar corpo e crédito ao movimento popular de contestação ao regime.» – Maka Angola.

daqui

Festa de bailarina - O convite final

Já tinha feito uma boa parte dos convites para a festa de bailarina da minha princesa e encomendei envelopes na papelaria. Mas para meu horror os envelopes encomendados não vieram e eu que tinha muito pouca margem de manobra no que a tempo diz respeito, resolvi inventar um pouco. Mais folhas de cartão, desta feita rosa mais claro uma tesoura com padrão e eis o resultado.

Os sapatinhos de bailarina já os tinha feito com muita antecedência, os moldes aqui.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Mudar de vida

A fuga de jovens qualificados do país é o mote desta reportagem realizada pelo correspondente em Portugal do Finantial Times, Peter Wise. Afinal estamos a voltar a 1960 para gáudio de alguns. 

Pacato, trabalhador, poupado e prudente

A resposta de Raquel Varela ao senhor que acha que em 1960 é que era bom. Só se fosse para alguns. Factos são factos, e contra factos não há argumentos.


João César das Neves acaba de publicar no DN um texto, intitulado A Gaiola Dourada, onde diz que Portugal em 1960 «era um país pacato e trabalhador, poupado e prudente, que se sacrificava generosamente, labutando dia e noite para cumprir os deveres» e que depois do 25 de abril ter-se-á esbanjado de tal forma – e trabalhado mal –, o que teve como consequência a crise económica.
Regressemos pois a Portugal em 1960 «pacato, trabalhador e poupado». A produtividade por trabalhador em Portugal em 1961 era menos 430% do que hoje. Desde logo porque uma boa parte destes trabalhadores estavam ainda no mundo rural: a industrialização do país só se dá a partir dessa data, bem como a generalização da educação (que sobe a produtividade da mão de obra – quem mais sabe trabalha em geral melhor). Nesse tal país «pacato» a mendicidade será crime até ao final dos anos 60, considerada um caso de polícia. O divórcio, proibido, filhos ilegítimos, a prisão por pensar diferente do regime, comum.
Nos anos 60, o Estado português e os seus grupos económicos resolveram viver também da exportação da força de trabalho, dando como alternativa a 1,5 milhão de pessoas – mais de 10% da população – a emigração[1]: saiam, trabalhem como robôs na Renault, mandem para cá divisas. Divisas que entre outras coisas alimentaram a pujante economia de guerra, que levou ao colapso o orçamento público mas fez taxas de crescimento que brilhavam nos olhos de Champalimaud ou dos Mello, chegaram a ser de 10%! Não há nada na economia que diga que o colapso das contas públicas não possa viver lado a lado com a pujante riqueza de algumas contas privadas.
O conjunto das despesas sociais do Estado em 1973 em Portugal correspondia a 4,4% do total do PIB, sendo que na mesma altura era de 13,9% na Grã-Bretanha, por exemplo[2]. A pensão média anual da segurança social sobe mais de 50% entre 1973 e 1975[3]. A mortalidade infantil era, antes do 25 de abril, quatro vezes maior que as da Holanda e da Suécia; a mortalidade materna, o dobro da França (…) a mortalidade por doenças infecciosas é 30% superior à de Itália. A esperança média de vida estava a 7 anos da Holanda[4]. 26% dos portugueses eram analfabetos. Em 1960, no pacato Portugal de César das Neves, estava-se a um ano de iniciar uma guerra contra os povos de África. 9000 mortos portugueses, dezenas de milhares em África.
Já sabemos que a crise vem da transformação da crise privada em dívida pública. Antes do empréstimo do FMI, em 2008, a dívida era de cerca de 70% do PIB. Agora é de 130%. O resgaste virou assim um sequestro. Entretanto, por juros da dívida, parcerias público-privadas e mercantilização do Estado social, os trabalhadores reformados foram expropriados do seu salário e pensão, enquanto algumas empresas (Mota Engil, EDP, Portucel, Grupo Mello, entre outras) regressaram aos lucros. Mas para que estas regressassem aos lucros, os Portugueses sofreram a segunda maior queda salarial de toda a OCDE. Portanto a visão da crise de João César das Neves – falta de trabalho árduo por parte dos Portugueses – é uma lenda contrafactual.
Com o 25 de abril, os pobres souberam o que era educação de qualidade gratuita, os doentes «inevitáveis» souberam que afinal a saúde também era para eles, os que já tinham trabalhado souberam o que era descansar e viver com dignidade com uma pensão, os angustiados souberam o que era o direito ao trabalho. Como a riqueza social é limitada – um bolo que tem limites –, houve um avanço de 15% no conjunto do PIB do trabalho e uma perda dos mesmos 15% no capital. Que foi conseguida com muita falta de pacatez: greves, ocupações de fábricas e empresas, controle operário exercido por comissões de trabalhadores, manifestações, com trabalho árduo, muito árduo, mas em que os trabalhadores exerceram a democracia directa (na produção, escolas, bairros, hospitais) em vez de aceitar somente a democracia representativa (delegação de poderes). Foi preciso muito trabalho, para muitos milhares foi de sol a sol, voluntário e arriscado porque pela primeira vez tinham a responsabilidade sobre a produção e a reprodução da sociedade, numa palavra a responsabilidade pela vida.
Tenho apenas um acordo com João César das Neves. Temos sido demasiado pacatos. Fomos pacatos em 1960 e somos hoje. Mas já houve um tempo em que fomos impacientes. Nas greves de 1934, 1943, 1962, 1968, 1973. E, finalmente, em 1974, quando os Portugueses, junto com os capitães, perderam a paciência. Nasceu aí um novo país, que César das Neves acha abominável. Porque, como dizia o grande geógrafo brasileiro já falecido Milton Santos, há dois tipos de classes, os que não comem e os que não dormem com medo da revolução dos que não comem. João César das Neves pertence aos segundos, os que ainda vão conhecer muitas noites de insónia.»

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Banners personalizados

Os meus pequenos têm sempre festa de aniversário. As festas têm sempre um tema por base e eu tento dar um toque na decoração, convites e afins alusivo ao mesmo. Tinha visto na internet uns banners giríssimos mas para o carote em particular se quisermos algo diferente. Resolvi fazer um para o aniversário da princesa. Comprei cartolina com dois tons, recortei triângulos, desenhei e pintei as letras. E até que ficou giro.



Os pequenos adoraram em particular depois de lhes adicionar balões nos mesmos tons, para não falar da princesa que estava encantada. Uma vez que rosa é usado quase sempre em aniversários das meninas poderá ser reutilizado.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Cama de bonecas I

A Titi ofereceu à princesa no seu aniversário uma cama de bonecas. Ela já é linda sem qualquer pintura mas a pipoca queria algo mais e com muito cor de rosa. Esta mãe está a ficar um pouco farta de rosa, vá-se lá saber porquê!, e resolveu pintar a dita de branco, quem sabe não lhe faço qualquer coisa em tons rosa, mas ligeiro. O meu neurónio começou a fervilhar com ideias, já pensei em fazer flores rosa na cabeceira, fazer um friso rosa, e agora esponjado em tons rosa na cabeceira. Por este andar não vai ser nada do que tinha inicialmente pensado, branca e alva. Postarei o resultado assim que terminar, ainda só dei o primário e uma camada de tinta.
Para quem quiser saber pode comprar-se na IKEA.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Espetadas gulosas

A pipoca faz anos nas férias, para infelicidade dela e descanso de seus papás. Este ano a festa com os amiguinhos da escola não vai ser na escola mas sim cá em casa e é já no próximo sábado. Os convites estão entregues e esta mãe começa a preparar a festinha. Por norma não costumo oferecer como lembranças doces, mas desta vez não resisti a uma ideia muito gira, Espetadas de gomas, ficam lindas e são a loucura da pequenada. Já as fiz para o dia de aniversário propriamente dito não como lembrança mas como guloseima e desapareceram. Ficaram com um aspecto irresistível.

As minhas

As gomas compram-se em qualquer supermercado bem como os paus para espetadas. No Lidl há muita variedade e não são caras. Quanto aos paus de espetadas comprei também uns mais pequenos na loja Arte e açúcar na Forca, Aveiro. Deixo umas imagens como inspiração.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Hipocrisia

O desrespeito à constituição por parte do primeiro ministro é gritante, assustador e digno de um ditadorzinho ordinário e incompetente. É esta a gentinha que nos governa ou melhor, desgoverna.


"Já alguém perguntou aos mais de 900 mil desempregados do que lhes valeu a Constituição?" A frase do primeiro-ministro é todo um programa. Antes de tudo, é uma declaração de guerra ao Estado de Direito. O que vem depois disto? Que a democracia não põe comida no prato? Que as eleições não fazem crescer a economia? Que a liberdade de expressão não aumenta as exportações?

Esta frase é, ainda por cima, de um tremendo cinismo. O homem que, como primeiro-ministro, mais postos de trabalho ajudou a destruir em Portugal tem a suprema lata de usar o sofrimento dos desempregados para atacar o Tribunal Constitucional e a Constituição. Não, a Constituição não nos protege de primeiros-ministros incompetentes. Apenas impede que governem como se vigorasse, por sua própria decisão e à margem da lei, o estado de emergência. Ela defende valores que as democracias têm como fundamentais. Entre eles, a proteção da confiança que, por unanimidade, os juízes consideravam que era afetada pela proposta do governo para a "requalificação" dos funcionários públicos. Na realidade, o acórdão até abre a porta a despedimentos na função pública. Apenas impede que eles aconteçam por este meio. (...)»

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

FIM

Com as baterias novamente carregadas, estou de volta à rotina. Saudades? Nem por isso. Estava a gostar do sol, calor e praia, para não falar da boa comida e o dolce fare niente. Foi bom, mas acabou, para o ano há mais e curiosamente já tenho planos.