Furos

Mamã eu quero ter brincos nas orelhas. Andava há um ano a ouvir esta lengalenga. E eu sempre a empurrar, e dói, e olha que ainda és pequenina, blá blá blá, blá blá blá. Claro está que a minha teimosa não se demoveu, nem mesmo depois de uma das coleguinhas de escola ter lá aparecido com a orelha menos bem, com sangue e tudo. Nessa altura achou que era melhor esperar mais algum tempo, mas rapidamente se recompôs do susto e voltou à carga. 

No fim do ano passado esta mãe disse sim senhora mas que íamos fazê-lo em Viana, mas São Pedro não ajudou e o tempo esteve para lá de mau e acabamos por adiar mais algum tempo. 

Agora nestas mini férias do Carnaval ela não perdoou e eu acabei por prometer que a levava a furar as orelhas, e fomos. Já não o fazem na ourivesaria como era no meu tempo, agora é na farmácia e a maquineta tem um ar bastante mais agradável, já não parece aquele objecto que o "pica", revisor da CP, usava para picar os bilhetes.
A gama de brincos à escolha é vasta, e eu tive que convencer a pequena que muitas vezes menos é mais. Ela bem que queria uns brincos vistosos, primeiro umas pedras gigantes rosas passando pelas bolas roxas, pediu de tudo, mas esta mãe consegui que escolhê-se umas pedrinhas brilhantes pequeninas que ficaram muito bem.
Ela, portou-se lindamente, nunca perdeu o sorriso, tal era a felicidade de furar as orelhas. Brincos é que é. Até agora tem corrido bem, claro que lhe dói um pouco mas a minha pequena está a aguentar estoicamente!