Quando chega ao fim, a empregada da caixa
revela: são 84 euros. A mãe tem um sobressalto, olha para o dinheiro que traz
na mão e diz: vou ter de deixar algumas coisas. Só tenho 70 euros.
Começa a pôr de lado vários produtos e vai
perguntando à empregada da caixa se já chega. Não, ainda não. Ainda falta. Mais
uma coisa. Outra. Ainda é preciso mais? É. Então este pacote de bolachas também
fica.
Aí o menino agarra na manga do casaco da
mãe e fala: Mamã, as bolachas não, as bolachas não. São as que eu levo para a
escola. A mãe, meio envergonhada até porque a fila por trás dela começava a
engrossar, responde: tem de ser, meu filho. E o menino de lágrima no canto do
olho a insistir: mamã, as bolachas não. As bolachas não.
O momento embaraçoso é quebrado pela
senhora atrás da jovem mãe. Quanto são as bolachas, pergunta à empregada da
caixa. Ponha na minha conta. O menino sorriu. Mas foi um sorriso muito
envergonhado. A mãe agradeceu ainda mais envergonhada. A pobreza de quem nunca
pensou que um dia ia ser pobre enche de vergonha e pudor os que a sofrem.
Tenho a certeza que o ministro Vítor
Gaspar não conhece este menino, o que seria obviamente muito improvável. Mas
desconfio que o ministro Vítor Gaspar não conhece nenhuns meninos que estejam a
passar pela mesma situação. Ou se conhece considera que esse é o preço a pagar
pela famoso ajustamento. É isso que é muito preocupante."
por Nicolau santos, aqui
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